(FOLHAPRESS) – As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul nos últimos dias deixaram ao menos cinco mortos, seis feridos e 18 desaparecidos, além de 293 pessoas fora de casa -198 desabrigados e 95 desalojados.
Até o começo da noite desta terça (30), 77 cidades gaúchas registravam danos e ocorrências por causa dos temporais. Nas estradas havia pelo menos 47 trechos com bloqueio em todo o estado, em 22 rodovias estaduais e sete rodovias federais.
Em Paverama, no vale do rio Taquari, duas pessoas que estavam em um veículo morreram após serem arrastadas pela correnteza ao passar sobre uma estrada alagada. De acordo com a Polícia Civil, o corpo do motorista, um homem de 69 anos, foi localizado na noite de segunda (29) dentro do carro. A outra vítima, passageiro do veículo, foi encontrada próxima a um arroio na manhã desta terça.
A terceira morte foi registrada em Pântano Grande, e o caso ainda é investigado. Informações iniciais apontam que a causa teria sido uma descarga elétrica após o temporal.
As outras duas mortes ocorreram em Encantado e Santa Maria, mas não havia informações sobre as possíveis causas até o início da noite de terça.
Quanto aos desaparecidos, a Defesa Civil estadual alerta que esses números são dinâmicos e mudam rapidamente. Balanço preliminar aponta que são oito desaparecidos em Candelária, seis em Encantado e quatro em Roca Sales.
No fim da tarde de terça, 130 mil consumidores estavam sem energia elétrica no estado, e ao menos 32 mil não tinham água. Além disso, mais de 30 municípios estavam sem serviços de telefonia e internet. As aulas foram suspensas em 145 escolas estaduais
Em Santa Tereza, no Vale do Taquari, uma ponte de concreto foi levada pela enxurrada enquanto a prefeita da cidade, Gisele Caumo (PP), gravava um vídeo de alerta próximo ao local. No vídeo, é possível ver o curso do arroio Marrecão quase no mesmo nível da ponte, que já estava com uma parte danificada, quando então a força da água faz a estrutura ruir.
Em Faxinal do Soturno, na região central do RS, uma ponte de ferro caiu na zona rural e outra foi danificada na ERS-348, que conecta a cidade ao município de Ivorá.
Em Roca Sales, cidade que contabilizou 13 mortes na enchente do rio Taquari em setembro do ano passado, foi registrado um soterramento de uma residência. Forças de regate estavam a caminho do local para verificar se havia feridos.
PREVISÃO PARA OS PRÓXIMOS DIAS
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) alerta que as chuvas devem se intensificar na região Sul, em quase todo o território gaúcho e o sul de Santa Catarina, entre quarta (1º) e quinta-feira (2), com alto volume e acompanhadas de trovoadas e vendavais. Estão previstos volumes de chuva de até 100 mm/dia, queda de granizo e rajadas de vento entre 60 e 100 km/h.
Com isso, até sexta-feira (3) o acumulado de chuva pode ultrapassar os 400 mm em pontos isolados das regiões metropolitana, central, dos vales e da serra.
O governador Eduardo Leite (PSDB) alertou para a previsão de mais temporais e disse que o cenário meteorológico é “bastante grave”. “Não há condições de precisar, neste momento, todos os efeitos que acontecerão em rios ou onde ventos possam formar até tornados”, afirmou.
Conforme modelos de previsão da Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o volume de chuva que se projeta até sexta pode causar cheias semelhantes às de novembro do ano passado, uma das maiores da história do Rio Grande do Sul.
O alerta maior é para a região do Vale do Caí, onde o rio já ultrapassou a cota de inundação nas quatro estações fluviométricas ao longo do curso. Em São Sebastião do Caí, parte da população começou a deixar suas casas. A cidade, que enfrentou a pior cheia de sua história em novembro, foi afetada por quatro enchentes diferentes nos últimos 12 meses. Em Estrela, no Vale do Taquari, o curso d’água também está acima da cota.
Também se estima que trechos das bacias hidrográficas do Alto e Baixo Jacuí, nos municípios de Espumoso, Salto do Jacuí e Dona Francisca, passem da cota de inundação já a partir desta quarta-feira. As cheias devem afetar os municípios de Cachoeira do Sul e Rio Pardo no fim da noite.
A partir de quinta, esse volume de água deve chegar à região das ilhas de Porto Alegre e a cidades da região metropolitana.
O governador fez uma transmissão ao vivo acompanhado do chefe da Defesa Civil estadual, coronel Luciano Chaves Boeira, e Cátia Valente, meteorologista da Sala de Situação, para falar da tendência de aumento das chuvas em diferentes regiões do estado nos próximos dias.
Eduardo Leite pediu que a população evite sair de casa e faça apenas “deslocamentos estritamente necessários”. “As pontes e estradas são construídas para uma média do tempo, não para situações extremas, como as que estão acontecendo”, disse.
Nas redes sociais, o governador disse que pediu ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e ao Comando Militar do Sul o apoio de embarcações, helicópteros e efetivo para atuar nas regiões mais afetadas.
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Artigo extraído do site Notícias Ao Minuto