Getafe terá parte do estádio fechado após casos de racismo e xenofobia

Getafe terá parte do estádio fechado após casos de racismo e xenofobiaFoto: Reprodução

O comitê de organização da Federação Espanhola de Futebol (RFEF) decidiu, nesta quarta-feira, 3, suspender a entrada de torcida do Getafe. A punição fecha uma parte do estádio Coliseum Alfonso Pérez. A decisão foi tomada por conta de comentários racistas e xenofóbicos por parte da torcida da casa durante a partida contra o Sevilla, válida por La Liga.

O árbitro Iglesias Villanueva relatou na súmula da partida que, aos 68 minutos de jogo, foram proferidos, ao jogador argentino Marcos Acuña, da equipe visitante, insultos como “Acuña mono” (Acuña macaco).

Na mesma partida, o técnico Quique Sánchez também foi alvo de preconceito de torcedores ao ser chamado de “cigano” durante ofensas direcionadas ao banco de reservas dos visitantes.

De acordo com o artigo 57, nº 1 do Código Disciplinar da RFEF, o clube precisa “identificar a estrutura das bancadas do recinto desportivo de forma a determinar a área do estádio sujeita a encerramento” até às 16h desta quarta-feira no horário local. Conforme relatório de Villanueva, seria a parte lateral do gramado, atrás do assistente número 2.

LaLiga admite marca abalada por casos de racismo e cita ações

Segundo as regras do torneio, a área fechada deve exibir mensagens contra o racismo e de “condenação de atos e condutas violentas, como xenofobia e racismo”. Ao longo dos últimos anos, LaLiga lida com uma série de denúncias de preconceito racial, especialmente contra o brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid.

LaLiga afetada por casos de racismo

Em recente encontro com jornalistas no qual PLACAR marcou presença, Daniel Alonso, delegado de LaLiga no Brasil, admitiu que os casos de racismo tem afetado negativamente a marca. “Impacta, obviamente. É um tema muito sério, não dá para mudar o que aconteceu, mas nos deu a oportunidade de melhorar um trabalho que já vínhamos fazendo. Temos de conscientizar a sociedade e ser o motor de uma mudança, esse é o ponto fundamental, mas isso demora”, iniciou Alonso durante o LALIGA Experience.

Diante da ausência de punições efetivas a torcedores ou clubes (Valencia e Atlético de Madri foram os times envolvidos em casos contra Vinicius Junior), Daniel Alonso destacou uma questão legal. “É um tema de competência, a lei da Espanha é diferente. No Brasil, a CBF controla tudo, é quem tem o poder de legislar e punir. Na Espanha, LaLiga, por lei, só pode denunciar. Quem pune é a federação espanhola. No caso do Valencia, quem poderia punir o clube com perda de mando de campo, multa, ou algo do tipo, é a federação e quem poderia punir os criminosos [individualmente] é o Ministério Público. Nós podemos ajudar os clubes a se conscientizar, a evitar que esses casos aconteçam e fazer as pontes“, diz.

“Quem pode mudar é a própria lei espanhola, é preciso negociar com o governo. Nós fazemos esse trabalho, só que demora. Se tivéssemos o poder de punir, pode ter certeza que seríamos super ágeis, pois nós somos os principais interessados. Queremos ser exemplo na sociedade, mas sozinhos não conseguimos. Nós fazemos as denúncias e acompanhamento com MP, fazemos o lobby político, o que é nossa parte. É totalmente compreensível essa demanda por punições no Brasil, mas não é com a gente. Não nos omitimos de forma alguma”, completou.

Fonte: www.canalrural.com.br
O conteúdo acima foi originalmente publicado no CanalRural e indexado ao Alta Notícias

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