SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As mensalidades cobradas por escolas particulares no Brasil terão aumento médio acima da inflação em 2024, de acordo com estimativas do setor. Os valores deverão ser impulsionados sobretudo por reformas e investimentos em ferramentas tecnológicas.
A composição do reajuste nas mensalidades ainda leva em conta os salários dos funcionários, atualizados a partir da inflação, adicional por produtividade e pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
O IBGE divulgou no início do mês que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou 4,61% de alta nos últimos 12 meses. A meta de inflação buscada pelo Banco Central para 2023 é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Segundo estudo do site Melhor Escola, que oferece bolsas de estudos, as mensalidades devem subir em média 9% no ano que vem. A plataforma chegou a esse índice a partir de pesquisa feita com 979 escolas de 23 estados brasileiros.
Os dados mostram que os reajustes previstos têm diferenças regionais significativas. No Rio de Janeiro, por exemplo, o valor das mensalidades deve subir em média 7%, enquanto no Ceará a alta prevista é de 18%. Já em São Paulo, as escolas que participaram da pesquisa terão reajuste médio de 9%.
“Chamou nossa atenção que o número é bem superior à inflação. A hipótese que a gente acredita é a saída da pandemia e os investimentos acima da média por conta disso”, disse Sergio Andrade, fundador do Melhor Escola. Além de investimentos em tecnologia, muitas escolas ampliaram o atendimento psicológico aos alunos, enquanto outras ainda estão pagando empréstimos contraídos durante a crise sanitária.
Não existe, por lei, um limite para reajuste no preço das mensalidades escolares. As escolas devem, mo entanto, prestar contas aos pais dos alunos, justificando os aumentos em uma planilha de gastos. A inadimplência é outro fator que pode levar ao reajuste acima da inflação.
O presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), José Antônio Figueiredo Antiório, reforça que não há uma orientação geral da entidade sobre percentuais de reajustes em mensalidades. “Cada escola tem a sua realidade. Pelo meu conhecimento, não vejo que as escolas procurem extrapolar preços, porque se você aumenta muito pode acabar afugentando parte da clientela”, diz Antiório, que espera reajustes dentro da média na maioria das unidades.
O Sieeesp tem atualmente cerca de 11 mil escolas associadas em todo o estado. Segundo o presidente do sindicato, o gasto com salários de professores e funcionários representa de 60% a 70% do custo de operação das empresas do ramo.
Antiório acrescenta ainda que as escolas costumam ser abertas a negociação caso o reajuste da mensalidade torne inviável a permanência de alunos. “Praticamente toda escola acaba acolhendo quem se encontra em dificuldade financeira, então é comum que deem algum desconto quando a família vem e pede.”
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Artigo extraído do site Notícias Ao Minuto