Indígena sobrevive a ataque de onça-pintada nas margens do rio Juruena, em MT

No desenrolar da manhã do último domingo, a vida do indígena Erivaldo Moriman, que reside na Aldeia Matrinxã, tomou um rumo dramático ao ser confrontado por uma onça-pintada enquanto acampava nas margens do rio Juruena, nas imediações do Salto do Augusto. Ferimentos profundos, incluindo mais de 150 pontos na cabeça e nas costas, foram as marcas deixadas pela feroz luta de Erivaldo para sobreviver ao ataque do felino.

Em uma entrevista exclusiva concedida à equipe de reportagem da TV Nativa, Erivaldo compartilhou os eventos que o levaram ao encontro assustador com a onça. Ele descreveu que, por volta das 06h30 da manhã, decidiu explorar uma trilha localizada do outro lado da ilha onde estava acampando com seus sobrinhos, de 15 e 18 anos, e um primo. Ao retornar ao acampamento, testemunhou a onça pronta para atacar os adolescentes. Num instante, ele gritou para alertá-los, mas acabou se tornando alvo do feroz animal.

“Em um momento, ela abandonou os meninos e partiu em minha direção. Gritei para alertar os meninos sobre a ameaça iminente, mas quando eles viraram, a onça já havia me alcançado. Eu agarrei seu braço com firmeza e usei um pedaço de pau para me defender. Em um impulso de pânico, tentei fugir, mas a onça me atacou novamente. Foi nesse momento que ela me agarrou. Não me arranhou, mas me mordeu diretamente na cabeça”, relembrou Erivaldo, emocionado ao compartilhar os detalhes do episódio.

Erivaldo se envolveu em uma luta angustiante com o predador selvagem até que seus sobrinhos chegaram para ajudá-lo a afastar a onça. “Testemunhar aquela cena foi incrivelmente difícil e surreal. Abraçar uma onça é algo que poucos acreditariam ser possível, mas foi nossa realidade”, destacou o indígena, revelando a sensação de alívio que experimentou após o desfecho da situação.

Foto: TV Nativa

O local do acampamento de Erivaldo e sua família estava localizado a mais de 30km da aldeia onde residem, o que requer quase duas horas de viagem de barco. Com a ajuda de um médico que estava hospedado em uma pousada nas proximidades, Erivaldo recebeu atendimento médico preliminar antes de ser transportado para Alta Floresta, a cidade mais próxima, através de uma pista de avião particular. A viagem aérea de quase duas horas o levou até a unidade hospitalar.

A área onde o ataque ocorreu está situada a mais de 400 km de Alta Floresta, no Mato Grosso. Erivaldo foi levado ao Hospital Regional Albert Sabin, onde passou por procedimentos médicos para tratar seus ferimentos, especialmente na região da cabeça. Apesar da gravidade das lesões, sua recuperação surpreendeu a todos, e ele recebeu alta na noite de segunda-feira (14), podendo retornar à sua comunidade.

A história vivida por Erivaldo Moriman destaca a bravura e a tenacidade do indígena diante de uma situação extremamente perigosa, enquanto também ressalta a importância de preservar a vida selvagem e os habitats naturais, a fim de garantir uma convivência harmoniosa entre seres humanos e animais.

Texto: Redação Alta Notícias, com informações de

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