Refugiado que vender comida em SP é hospitalizado com Covid na Síria

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Desde que chegou ao Brasil como refugiado de guerra, em 2013, o sírio Talal Al Tinawi ainda não havia retornado ao seu país. Engenheiro de formação, ele ficou conhecido de muitos moradores de São Paulo por vender comida típica por encomenda e em eventos.

No último dia 27, Talal embarcou com a mulher e os três filhos para, oito anos depois, visitar a família em Damasco e ver o túmulo da mãe, que morreu em 2016 sem que ele pudesse se despedir.
Dois dias após chegar, começou a ter sintomas de Covid-19. A doença evoluiu mal, e ele agora está hospitalizado, com 70% do pulmão comprometido e recebendo oxigênio por um aparelho 24 horas por dia.

Talal tem 48 anos e já possuía problemas respiratórios. O restante de sua família apresentou sintomas gripais leves, enquanto ele chegou a ficar, nesta quinta-feira (8), com nível de oxigênio no sangue em 60% -quando a saturação é igual ou menor a 92%, o quadro se torna preocupante.

Depois de vários dias tentando, sem sucesso, uma vaga em hospitais -lotados de pacientes com Covid-, a família conseguiu interná-lo. “Ele não conseguia respirar, estava muito mal”, diz a mulher dele, Ghazal Baranbo, 38. “Ligamos para vários hospitais públicos, e a resposta era ‘não tem vaga, não tem, não tem’.”

Oficialmente, a Síria registrou, desde o início da pandemia, 25.753 casos e 1.876 mortes, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. As infecções, que tinham apresentado tendência de alta em meados de junho, voltaram a cair no final do mês e no início de julho.

A família afirma que os hospitais particulares estão cobrando taxas abusivas para aceitar pacientes. Além disso, cada diária custa US$ 500 (R$ 2.600), e a previsão é que ele fique internado no mínimo oito dias. A conta inclui ainda ao menos duas doses de um antiviral ao preço de US$ 1.200 (R$ 6.300) cada uma.

“Como aqui não tem o medicamento, precisaram importar. E pode ser que ele precise de mais doses depois”, diz o filho mais velho do casal, Riad, 18. “Estamos pagando caro, mas é a única alternativa.”

Para bancar as despesas, a família fez um empréstimo e abriu uma campanha virtual para arrecadar ajuda (disponível neste link: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajudar-o-meu-pai-na-cura-da-covid ). “A nossa situação não permite que a gente pague tanto dinheiro assim (…), por isso estou criando essa vaquinha para poder salvar o meu pai”, diz a mensagem escrita por Riad na campanha.

Ghazal, aflita ao falar da situação do marido, está tendo que se dividir entre cuidar de Talal no hospital e dos filhos. A mais nova, Sara, que nasceu no Brasil, tem sete anos. Segundo o médico que atende o sírio, os próximos três dias serão críticos para a evolução do quadro dele. A volta da família para o Brasil está marcada para 9 de agosto, mas, mesmo recuperado, ele não poderá viajar de avião por no mínimo dois meses. “Talvez eu tenha de voltar sozinha com meus filhos para o Brasil”, diz Ghazal.

A família já teve um restaurante no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, que acabou fechado, e hoje trabalha com entregas de comida síria e eventos. No ano passado, eles doaram 300 marmitas para idosos em quarentena, em agradecimento pela acolhida do Brasil a eles.

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