Em 18 dias, Cuiabá percorre 14,2 mil km; veja rota do Dourado

CuiabáBruno Gabriel

Poucos clubes brasileiros tiveram um calendário tão complicado em abril quanto o Cuiabá. Desde o início do mês, o time disputou só uma partida na Arena Pantanal e na terça (23) completou uma sequência de seis jogos seguidos como visitante.

O empate por 1 a 1, contra o Deportivo Garcilaso, pela Copa Sul-Americana, foi o último compromisso antes do time, enfim, poder voltar para casa em duelo válido pelo Brasileirão. Em 17 dias, a equipe cuiabana viajou cerca de 14,2 mil km.

A quilometragem será ainda maior com o 4.449 km que o clube percorrerá na volta do Peru para Cuiabá, o que amplia a conta total para 18,6 km.

A efeito de comparação, a distância de uma ponta a outra do Brasil é de 4,4 mil km. As viagens do elenco do Cuiabá equivalem a cerca de quatro vezes o trajeto, em linha reta, do Monte Caburaí, em Roraima, ao Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul.

Além disso, a distância percorrida pela delegação auriverde é bem superior ao que o clube teria que percorrer em uma viagem de ida à Europa, em caso de uma excursão ao continente. Em média, a distância entre Cuiabá e o Velho Continente é de 10 mil km.

Ao todo, o Cuiabá disputou partidas em quatro estados brasileiros: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás e dois duelos fora: na Venezuela e no Peru. O trajeto mais longo, de avião, aconteceu entre Caracas e Curitiba.

Segundo a médica Flávia Magalhães, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, que atua com esporte há mais de 20 anos, o número de viagens excessivas pode ser prejudicial para o grupo de jogadores e afetar o rendimento dentro de campo.

“Todos os fatores dessa rotina, horários de voos, muitas vezes nas madrugadas, com saídas sem descanso de sono devido, impactam nas questões hormonais (períodos sono-vigília), alimentação, hidratação e descanso. Consequentemente, geram impactos na performance, com fadiga precoce, maior necessidade de ajustes ao relógio biológico individual, alterações no processo recuperativo, que é tão fundamental nos esportes de alto rendimento, e, consequentemente, leva a um maior risco de lesões”, explica.

Ainda de acordo com a especialista, o próprio resultado e a importância do jogo podem interferir. “São fatores estressores que irão comprometer o descanso. A adrenalina irá manter o indivíduo em alerta, além das alterações do próprio cortisol nas fases da recuperação física”, completou.

Rodrigo Oliveira, professor da Universidade Federal do Ceará e especialista em fisioterapia esportiva e atividade física pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), corrobora o pensamento: “Quando você tem uma sequência de jogos, independente do mando de campo, isso impõe uma dificuldade de recuperar plenamente os atletas. Uma rotina de duelos fora dos seus domínios, muitas vezes, impacta em processos como a qualidade do sono, alimentação, entre outros fatores, o que desgasta os jogadores e aumenta o risco de lesão muscular e queda da performance. Por isso, a fisioterapia esportiva, com todos os recursos que dispõe, acaba sendo fundamental para acelerar esse processo de reabilitação e evitar perdas nas equipes”.

Sequência começou no interior do Mato Grosso

Desde a partida de volta da final do Mato-grossense, o Cuiabá vem atuando como visitante. O primeiro adversário, no dia 6 de abril, foi o União Rondonópolis – partida que rendeu o tetracampeonato estadual ao clube –, depois vieram Metropolitanos, pela Sul-Americana, Athletico-PR e Grêmio, pelo Brasileirão, e Vila Nova, pela semifinal da Copa Verde. Este último jogo fez com que a partida que seria em casa, contra o Vitória, fosse adiada.

Após a derrota por 1 a 0 diante do Grêmio, o elenco viajou de Porto Alegre para Lima, onde ficou até a manhã desta terça-feira (23), quando seguiu para Cusco, cidade que recebeu o confronto diante dos peruanos, no estádio Garcilaso de la Vega.

Ao desembarcar na cidade, o time seguiu direto para o hotel onde ficou concentrado até momentos antes do duelo. A altitude em Cusco é de 3.399 metros.

Com a igualdade no placar, o Dourado foi a cinco pontos e manteve a liderança do Grupo G. Terceiro colocado, o Garcilaso chegou a quatro pontos, mas permaneceu atrás do vice-líder Lanús por causa do saldo de gols: um gol dos argentinos contra nenhum dos peruanos.

Os hermanos, contudo, visitam o lanterna, Metropolitanos, que ainda não pontuou na competição continental, na Venezuela, nesta quinta-feira (25), às 19h (de Brasília), e em caso de vitória podem assumir o primeiro lugar da chave.

Fonte: www.canalrural.com.br
O conteúdo acima foi originalmente publicado no CanalRural e indexado ao Alta Notícias

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