
A empresa responsável pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Rondon e Telegráfica em Campos de Júlio, localizadas a 692 km de Cuiabá, relatou que houve uma tentativa de invasão por parte de um grupo indígena durante uma manifestação no local. A empresa afirmou que obteve autorização judicial para o uso da força policial.
Durante a manifestação, realizada pela comunidade indígena Enawenê-Nawê, incluindo crianças e mulheres, alega-se que os seguranças das PCHs atacaram os manifestantes. Pelo menos 20 indígenas foram feridos por balas de borracha entre a noite de domingo (25) e a manhã de segunda-feira (26).
A empresa informou que as ameaças às PCHs ocorrem há aproximadamente 60 dias e, devido a isso, a Justiça foi acionada para garantir a proteção dos trabalhadores e da propriedade contra uma possível invasão.
A comunidade indígena alega que a manifestação tinha o objetivo de negociar um acordo com a empresa, que utiliza parte da região para operar as usinas. O grupo indígena busca modificar um acordo firmado em 2012, um ano após a entrada em funcionamento das usinas. No entanto, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) negou que a propriedade esteja em Terras Indígenas.
A empresa afirmou que, diante das novas demandas apresentadas, buscou abrir um diálogo com os representantes indígenas, com a presença da Justiça Federal, Ministério Público Federal e Funai, a fim de compreender as demandas da comunidade.
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De acordo com a empresa, o grupo indígena passou a fazer ameaças de invasão de forma contínua, levando-a a acionar a Justiça para evitar um confronto. A empresa enfatizou que a invasão seria ilegal, uma vez que todas as obrigações estabelecidas pela legislação ambiental foram cumpridas.
O representante da etnia Enawenê-Nawê, Lalokwarise Detalikwaene Enawene, afirmou que eles foram ao local para uma reunião com a empresa e não estavam armados com arco e flecha. Durante a manifestação, que contou com mais de 400 pessoas, dois carros foram incendiados e outros cinco veículos, que transportavam alimentos, foram apreendidos.
Segundo Lalokwarise, a empresa construiu oito PCHs no Rio Juruena, que é utilizado pela comunidade para atividades agrícolas, e em contrapartida, paga um valor aos indígenas pelo uso da área. No entanto, a comunidade considera esse valor insuficiente para suprir suas necessidades e garantir a preservação da área afetada.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou que enviou uma equipe para acompanhar a ocorrência no local.
Fonte: Alta Notícias